acma1953

O dia transportado por um pedaço de tempo, dispersa-se ao som da respiração rouquenha do inverno monolítico que fende a noite, sem multidões para acompanhar o bailado dos satélites. Nuvens carregadas de chuva são agitadas pelo vento.

Acelero o passo para a época das auroras boreais, talvez possa encontrar um salvo-conduto que abra a porta da nascente austral.

Na porta do teu coração escondo-me, ali mesmo onde tu por vezes não me sabes procurar.

Nos meus pensamentos fantasiosos mimo o teu corpo sedutor e… cativas-me.

Quimeras desaparecem levadas pela névoa do meu doce imaginário perante as palavras que morrem nos teus lábios num estrondo tumultuoso, alimentado pela fornalha avermelhada de desejos…  a esperança do yin e yang que se tocam.  

Sou leste e oeste nas brasas que nos atingem e, dissemino na tua pele… cúmplice.  

A alvura do silêncio torna-se tempestade, deitado no teu vale o eco dos nossos gestos impõe o necessário epíteto em algum lugar… no oceano dos nossos amores.

Uma onda arrasta o amargo dos nossos desejos para a costa da obsessão que me… delicia.

És a ilha secreta onde caminho tranquilamente.

O tempo pode descansar sobre o gelo e, corro para fechar as cortinas da minha caverna.

Sobre a cama do teu coração, desfaço a minha investida de… sedução.

Lá fora, bem longe está frio, aqui… és meu calor...meu ardor‏‏

Eu sou a chuva que cobre a charneca solitária quando o vento desnuda as árvores frágeis e provoca a desordem que vive nos teus pensamentos ou na turbulência que corre como um réptil sobre a tua alma perdida nesta doce loucura.

Eu sou o mistério que penetra na tua carne o desejo preso hoje em ti no silêncio que fala com a terra num choro que agoniza sem parar.

Eu sou a ilha que hospeda os falsos começos e o amor desamparado no asfalto daquela clareira triste do poder e, usa uma arma que aniquila o passado.

Eu sou a tela que esconde as palavras e emite a luz que te atinge no coração da emoção suave e quente quando o desespero que bate as expectativas nuas do coração numa tentação que rasga a febre que alimenta a paixão.

Eu sou a ausência da impertinência o crepúsculo da razão do excesso carnal no exílio do espírito.

Eu sou o murchar no irreal o teu rasgão da vida num  fogo que consome as brasas dos teus olhos.

Eu sou esta pobre caneta que escreve para ti… demasiado tarde.

No roxo deserto da noite conheci uma estrela assustada.

Adoraria dizer-lhe para ficar, convidar a descansar nesta praia modulada pelos meus devaneios ao seduzi-la na ternura da minha fúria e, invadir os pensamentos da sua vida quando a lua, senhora do céu, fecunda o cosmos já submisso aos ciúmes de uma atormentada loucura passional.

Aos rumores do vento desfilam as horas no relógio, onde estás belo amor errante?

Quando a madrugada silenciar as conversas tolas das galáxias, vou continuar a percorrer a tua pele sedosa num passeio sob o teu olhar… cintilante   

ESTAMINÉ DO ACMA

Eu sou apenas uma lua lágrima deitada no teu sorriso terno, 

...a fonte que banha os teus olhos sob o véu das pálpebras,

...a neblina do orvalho no ar em cada segundo que inspiras.

O aroma do sentimento depositado no ninho da tua boca desenvolta e…. sedutora.

Sou apenas a melodia indomada do prazer voando aos quatro ventos, acordes de palavras mimadas no ombro do tempo enredadas nas suas raízes,

... a semente do tempo roubado ao monótono presente de um coração abandonado no país do sonho púrpura que me fascina.

Eu não sou mais que a festa provocante do desejo incendiado pelos carinhos, 

...o vermelho do sangue que corre nas tuas veias e nutre o teu corpo ressoando na passagem quotidiana da angústia. 

Um desenho inacabado à mercê da vida onde os acordes se perdem.

Sou apenas um arabesco rodando em reflexos avermelhados, ... a estrela brilhante no firmamento da tua alma adormecida pela paixão que desliza para a passagem secreta de dias alinhados num silêncio que amariam explodir na tua mente, 

... um templo pagão erigido na praia do desejo colorido de provocação e, implantado numa pétala de amor desabrochada no teu jardim do outro lado do mar… de (a)mar.

Eu amo as tuas mãos... elas que sabem  desenhar no meu corpo os caminhos da felicidade... elas que me revelaram segredos escondidos que ignorava. Gosto de sentir as suas carícias suaves e macias na pele, fechar os olhos e abandonar-me ao seu bailado provocante. Um dia veio-me à mente a razão pela qual, na sua sabedoria, as populações asiáticas escolheram divindades femininas para lhes oferecerem seis mãos ...

Lembro-me de muitas expressões durante esses momentos de introspecção: "Estar em boas mãos"... "Ter o coração na mão"... "Assumir a liderança"... "Ter uma mão de sorte"...

Pensei, será que "pedir a mão de alguém", tem algo a ver com carícias generosas que elas possam oferecer?

Elas conhecem todos os segredos do meu corpo e cada centímetro da minha pele... Cada encontro é um prazer infinito para as sentir deslizar suavemente em mim. Então tenho apenas um desejo… entregar-me.

Gosto de fechar os olhos para melhor desfrutar da sensualidade das suas carícias...

As tuas mãos doces sabem exactamente onde querem ir. 

A elas, como a ti, só posso sonhar com a oferta total de mim em absoluta confiança.

Amo o seu calor na minha pele…

Amo o arrepio de emoção que elas provocam…

Amo esses momentos privilegiados que parecem fazer parar o tempo como se tivessem o poder de transportar-me para outro planeta.

Então, queria ser capaz de as prender… entre as minhas mãos...!