D. PIO
Este caso passou-se na Península Ibérica num dia de um florido mês de Abril. Também nesses tempos, as chuvas eram escassas e a terra madrasta.
O Inverno tinha terminado mas ainda se fazia sentir algum frio. Não tinha chegado o pino do calor e já as terras gretavam por alguma chuva, eram tempos maus para os nabos, as couves, isto para não falar dos lençóis freáticos.
D. Pio-Pio era dono de sete léguas em redor. Vivia com os seus, familiares e lacaios, numa bela mansão senhorial, com beirais de andorinhas no telhado, alguns porcos no chiqueiro e um ou outro alazão na estrebaria.
D. Pio-Pio gostava de ir à caça. Hoje dir-se-ia um hobby. Enquanto todo o mundo ia à caça a pé, com arco e flecha, o bom do homem ia a cavalo, de lança em riste.
Enquanto o pessoal ia a roçagar as nádegas pelos espinhos e cactos, o senhor ia todo empinado no seu cavalo.
Quando a caçada já ia a meio D. Pio-Pio apanhou uma flechada nas costas e caiu com as ventas no pó do caminho.
Os seus peões, a princípio estupefactos, verificaram que D. Pio, perdera definitivamente o pio. Lá levaram o pobre no dorso do cavalo até casa. Mortinho da Silva.
Suspeita era toda a gente que fora na caçada. Também (dizia-se) tinham razões para o liquidar.
Depois de ouvir os depoimentos de todos e de os ler conclui que um deles tinha feito afirmações que o
levariam à prisão. Eis o que disseram:
D.Segismundo – Durante algum tempo
segui à frente do cortejo. Deu-me uma forte vontade e fiquei para trás. Quando regressei tinha D. Pio caído no chão. Não utilizei qualquer flecha. Estão todas comigo.
Os dois peões de D. Pio-Pio – Íamos ao lado do cavalo. De repente ele caiu no chão. Teve morte quase imediata. A flecha deve ter atingido o coração, através das costas.
D. Jerónimo (potencial herdeiro de D. Pio-Pio) – Toda a gente sabe que não gosto dele. Mas não fui eu. Atrasei-me, fiquei para trás a espreitar uma toca de lobo. Juro que não fui eu.
D. Raimundo – Eu não morro de amores por ele, mas também não ia matar o homem. Eu andava distraído à cata de uns cogumelos e atrasei-me do cortejo. Depois quando cheguei já ele estava no chão.
D. Perlimpim – Não parti com o grupo. Atrasei-me a observar um casal de andorinhas e depois uma ninhada de cães. Só depois é que me pus a caminho.
D. Serafim – Ia junto a D. Pio, mas como levava um cão pela trela, o bicho picou-se nos espinhos e atrasei-me…
D. Jasmim (peão de D. Jerónimo) – Tive muitos azares. Caí e parti duas flechas. Deitei-as fora. Esfolei os joelhos. Não fiz mal ao homem.
Serapião – A determinada altura por razões fisiológicas fiquei para trás. Depois recuperei e quando cheguei ao cortejo tinha sucedido já o caso. Com a pressa perdi uma flecha, mas não me apeteceu voltar atrás.
Pergunta-se: Quem terá mentido?
Vamos lá gente a puxar pela cabeça, 5000 de prémio kkkkkkkk. Acho que agora é mais dificil kkkk