Rompe a
escuridão desta noite de Verão, sem luar, ilumina a verdade por
desnudar de um desejo coberto pelo pudor de um fino manto reflector que espelha
a luz da centelha que vislumbro no teu olhar.
Rasga o silêncio deste tempo valioso, espalha ao
vento o som do sentimento que gemes e que gritas quando tremes e me agitas num
agradável frenesim. Escuto emudecido, o teu sussurro no meu ouvido, a voz
interior que me fala do amor que se faz ouvir quando ecoa nas paredes do meu
abraço, por dentro do espaço que nos rodeia, firmamento, a redoma transparente
de um momento fecundo sem ruído de fundo que o possa perturbar.
Arranha esta pele que não estranha a tua, o desenho
de meia-lua nas garras que me cravas no corpo que ofereço, entrega total,
insensata. (pres)Sinto o teu amor em cada gota do suor nessa cascata de emoções
que jorra dos corações para a cútis que a absorve com sofreguidão. A sede que
se mitiga, a língua pela barriga em sentido descendente, rumo à nascente
convertida na foz desses rios que partem de nós em enxurrada e desaguam serenos
na confluência criada quando nos fundimos e nos tornamos um.
Retalha o ar com o teu perfume perfeito, espalha
no meu peito o cheiro dos cabelos que penetro com os dedos em busca de um
jardim suspenso no tempo sem fim que duram as carícias que parecem libertar a
essência desse odor que me seduz. Aquilo que me reduz a um escravo da tua
fragrância, dependente. A minha ânsia de te respirar quando me sufoca a falta
de ti, um medo que não aceito porque temo desse jeito ver mirrar as flores
silvestres imaginárias, tuas cortesãs, plantadas no meu olfacto como memórias
permanentes da tua condição de rainha do corpo que definha quando a saudade lhe
drena a energia vital pela raiz.
Fixa na minha boca o rasto do teu sabor, um
trilho para o amor que degusto em cada instante beijado. O gosto lacrado no
cofre da minha imaginação, secreta a combinação discreta com que só eu o possa
abrir depois. Quando fazemos a dois, colados, aquilo que na mente germinar, em
cada corpo um manjar repleto de estímulos para o palato em festa.
Os meus lábios na tua testa.
O meu corpo prostrado em cima do teu, aterragem
forçada.
Destino selado nas nuvens do céu.
Dessa tua boca selvagem, alada.
Último jogo
Utopia de uma noite de verão... fantasia e realidade que foi
https://www.youtube.com/watch?v=oZPSQoPjvEQ