Está uma noite horrível aqui, neste instante enquanto escrevo... Escrevo à luz de velas nesta noite de relâmpagos, trovoada e chuva, de lágrimas, de desejos. Fora o tempo que me perco em ti, linhas, frases e parágrafos de amor. As palavras deslizam na tela enquanto respiro o sentimento que tenho por ti. Estou à janela da minha varanda e escrevo deitado neste sofá, contorcido, o meu corpo chama pelo teu corpo, desejos de homem... Penso em ti enquanto escrevo, o teu rosto, o teu sorriso, os teus olhos como flechas, punhais que trespassam o meu corpo. As velas aquecem-me o corpo, fazem sombras de fogo, na tela do pc. Desejo-te deitada junto a mim, esta carta é tua... Linhas como curvas do teu corpo. No meu pensamento, junto meu corpo com o teu e fazemos um só corpo e uma só alma. As teclas vão debitando letras e formam palavras... Por momentos sorrio, um sorriso de esperança que irradia felicidade e faz sombras nas quatro paredes que me rodeiam. Fecho os olhos e vejo-te onde te escondo. Aqui dentro. Sinto o coração mais pesado, tem mais alguém??? Tem o mundo, a vida, o AMOR, tenho tudo e não tenho nada. Enquanto escrevo, oiço a serenata do vento junto as árvores, oiço gotas de água de uma torneira mal fechada, oiço os ponteiros do relógio num tic-tac adormecedor. Olho para a mesa e leio um poema de amor dedicado ao luar. Vejo retratos... Revejo-me ali, com um simples sorriso. A carta de amor tem o cheiro da poesia, o amor vivo e ardente, chama da paixão. Linhas de intensos desejos, assim como quando o Sol se deleita junto ao mar, aquecendo a água, meu corpo arde de desejo de ter-te junto a mim.
Ainda deitado, ao sabor do som da chuva, de uma música romântica no rádio e de velas acesas, a carta abraça linhas de palavras que correm cheias de pressa adormecendo na tela. Mil e uma palavras, de conforto de puro amor, de frases que saem aqui de dentro deste lugar sem nome, porque não sei se lhe chamarei coração, mas que alberga tanto amor, este membro, como uma bomba pulsando o sentir vivo de mim. Bocejo, espirro, soletro o teu nome, as linhas compõem-se. Termino a carta lendo junto a uma vela acesa, suspiro, terminando: Se eu te tivesse aonde me tenho...