Li num livro há alguns meses algo sobre a dependência, de decidir que rumo queremos dar à nossa vida, qual o rumo a seguir e por fim, talvez aquilo que todos desejamos, com quem queremos partilhar esse caminho.
Tudo parece indicar que enquanto somos dependentes e não sabemos qual o caminho a seguir, a escolha de um companheiro de viagem torna-se muito complicada. Tudo isto pode parecer óbvio e resultado do acaso, mas na realidade depende apenas de nós mesmos, pois não há nenhum destino que nos faz ser mais ou menos independentes, assim como não existe o destino que nos indica o caminho que vamos fazer ao longo da nossa vida.
Existem circunstâncias que nos condicionam e acasos que podem ou não ser oportunidades e, na pior das hipóteses estamos sempre a fazer escolhas, só que nem sempre gostamos das escolhas que nos responsabilizam, e deixamos que sejam outros a escolher por nós. Como nem sempre sabemos o que queremos do nosso caminho fazemos de conta que as situações nos vão aparecendo. É confortável assim. Menos responsabilização pelas escolhas.
Muitas vezes, não deixei que me escolhessem, pensando que não tinha alternativa. Quantas outras vezes não repeti a mim mesmo que não queria estar na situação em que estava e que a responsabilidade era do mundo há minha volta. São aqueles discursos da sorte e do azar, como se não fossemos donos do livre arbítrio.
Como sabemos quem queremos no nosso caminho? Qual a nossa responsabilidade nesta escolha?
Desde já fica o aviso que não podemos fazer nada para que alguém nos ame, nem para que alguém deixe de nos amar. E ainda existe a história do "Para sempre felizes"? Também não é completamente verdade, porque às vezes as coisas terminam. Quem pense que sim que se desengane, não há explicação, mas a realidade é que isso nos foge radicalmente ao controlo, é apenas magia.
Por outro lado, amarmos alguém no passado, não nos garante nem o presente, nem o futuro. Por vezes temos de deixar o passado,temos de nos soltar para que entrem as novas pessoas na nossa vida.
Para escolhermos os companheiros de viagem há três aspectos fundamentais: o amor, a atracção e a confiança. Amamos alguém quando essa pessoa é importante para nós e nos preocupamos com o seu bem estar, além disso é importante sentirmo-nos atraídos por essa pessoa, gostar de como ela é e fala, de como se mexe e do seu aspecto, de como se comporta e como pensa, e finalmente temos de confiar nela. Saber que existe confiança na relação com essa pessoa e, que apesar de podermos mentir escolhemos assumir a verdade do que pensamos ou fazemos.
Por umas destas, não sentimos atracção física e por isso são os amigos-companheiros, enquanto que, por outra qualquer pessoa sentimos, e essa será o nosso amante-companheiro.
Ainda ando aqui às voltas com todas estas questões. Quando é que estou a ser dependente? Para onde quero ir? Que caminho vou percorrer? E talvez aquela em que estou mais centrado: quem estará a caminhar ao meu lado?
A esta última questão penso ter encontrado a resposta, mas faltam ainda as decisões do outro lado.
Existe no entanto algo para a qual tenho a certeza e a resposta, depois dela mais nada, o coração fecha a porta para não sofrer mais, e entra em trabalhos de recuperação e conservação.
Amo te florzinha
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