acma1953

registro: 03/01/2011
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Redação em português em concurso de gramática, muito bom

Esta é uma redação feita por uma aluna do curso de Letras, num  concurso interno promovido pelo professor titular da  cadeira de Gramática  Portuguesa.

 
"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele  artigo se encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com  alguns anos bem vividos pelas preposições da vida
E o artigo era bem definido, feminino singular:  era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado  nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao  contrário dele:  um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem,  fanáticos por leituras e filmes ortográficos.  O substantivo gostou dessa situação: os dois  sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir.
E sem perder essa oportunidade, começou a se  insinuar, a perguntar, a conversar.  O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice.  De repente, o elevador pára, só com os dois lá  dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para  provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se  movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára  justamente no andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa.
Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo quando  ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto  adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo,  todos os vocábulos  diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de  vocabulário, e ele sentindo seu ditongo crescente:  se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem  um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda  era vírgula ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou  outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele,  e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa.
Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos,  ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos  nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do  objeto, ia tomando conta. Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do  singular, ela era um  perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono,  sentindo o pronome do seu  grande travessão forçando aquele hífen ainda  singular.
Nisso a porta abriu repentinamente.
Era verbo auxiliar do edifício.
Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções  e adjetivos nos dois, que se encolheram  gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação  tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu  particípio na história.  Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do  que uma metáfora por todo o edifício.
O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu adjunto adnominal Que loucura, minha gente.
Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa  maiúscula, com aquele predicativo do sujeito  apontado para seus objetos.
Foi chegando cada vez mais perto, comparando o  ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo  claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que as condições eram estas:  enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um  complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu  infinitivo,resolveu colocar um ponto final na história:  agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais  fiel à  língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em  conjunção coordenativa conclusiva."
É DEZ, A NOTA É DEZ